A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)
A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)
SE
Se todos os defeitos deste efémero viver,
Fossem assim, destas simplicidades tão meras,
Outros sonhos e outros sóis haveriam de ser
Gáudio de antemanhãs sem hora de entardecer
Perenemente ornamentados de primaveras.
Se suavizássemos os caminhos lodacentos
Bordejando-os de jasmim e de belas rosas,
Depois de nós viriam aqueles, cujos adventos,
Em caminhos lisos se fariam sem tormentos;
Deixando neles um lastro de flores mimosas.
Se reciclados fossem, os canos das bombardas,
(...)
Nem as pedras da calçada
Que pisas tão delicada
Me dizem se lá caminhas:
As gaivotas, confidentes
Sabem das agruras minhas
E o rigor com que me mentes.
Se existem no teu caminho
Tapetes de puro linho
Que alguém te quis estender,
Os meus não pude mostrar
Porque os não quiseste ver
Nem sobre eles passar.
À lua mando recados
Ela não ouve os meus brados
E eu não a posso obrigar;
Se uma noite ela quiser
Meus recados te levar
Silêncios lhe vou dizer.
Até (...)