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Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

17.02.06

»»»»»»»A ÁRVORE NÃO SABE, MAS TU SIM ««««««««


João Chamiço

Uma árvore nasce onde cai a semente

Ou cresce no lugar onde é plantada.

Quer seja junto à berma de uma estrada

Ou numa floresta resplandecente

Ou no canteiro de um jardim

A árvore não sabe, mas tu sim.

 

Quando uma árvore é plantada

Ainda na sua tenra infância

Mesmo à beira de uma estrada

E não cresce num belo jardim

Por incúria ou por ganância

A árvore não sabe, mas tu sim.

 

E quando a árvore cede ao temporal

E tomba ao chão ferida de morte

Sem ter adivinhado o seu fim

Na sua condição de vegetal

Não sabe a quem vai mudar a sorte

A árvore não sabe, mas tu sim.

 

E quando ela, ao cair mata gente

Ou lhe deixa toda a esperança perdida

E lhe esmaga todos os sonhos duma vida

E tanto pode ser a ti como a mim

Ou a qualquer ministro ou presidente

A árvore não sabe, mas tu sim.

 

Todos nós vivemos essa ameaça

Mas fingimos que tal não nos diz nada

Se isto é de um ser racional, ai de mim

Enquanto a tragédia aguarda quem passa

Talvez num dia de má sorte numa estrada

Nenhum outro alguém morra, mas tu sim.

 

2004-02-03

João Chamiço.

 

 

Foi a pensar na Mónica Silva de Samora Correia que me pus a "pintar este retrato triste". Ela tem amigos anónimos que pensam nela e que têm comprado os seus bonitos postais por ela pintados com a boca.

 Mas tenho a certeza que ela concorda comigo quando digo que estas tragédias não deveriam ser encaradas com leviandade por todos nós.

 A prevenção sempre foi o melhor remédio para todos os males. As árvores não sabem disto nem têm obrigação de saber. É a nós, seres “superiores?” e “racionais?” que compete não nos tornarmos vegetais, quer em consequência dos desastres, quer porque é como vegetais que nos comportamos quando não assumimos a nossa qualidade de seres pensantes e não prevenimos as tragédias que temos a certeza que vão acontecer e que está nas nossas mãos evitá-las. A árvore não sabe, mas nós sim!.

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