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Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

18.02.06

PASTORES DA SERRA


João Chamiço


Vi quando os pastores subiam


Muito acima do nevoeiro


Em busca de novos pastos;


E das brumas ressurgiam


Quando os nevões em janeiro


Lhes dissipavam os rastos.


 


Sabem de cor os vales sombrios


E os fantasmas que neles moram


Desde os tempos da criação;


Sabem de pastos e pousios


E das serranas que só choram


Quando é de sobra, a razão.


 


Já conhecem as alcateias


Que moram em morada incerta


Como os pastores e rebanhos,


E que vêm de noite às aldeias


Que é quando a fome mais aperta,


Jantar-lhes os chibos e anhos.


 


Mas quando o sol dissolve a neve


Ao pastor faz falta subir


E redescobrir o caminho,


Esboça um sorriso breve


Como não tem a quem sorrir


Aprendeu a sorrir sozinho.


 


Sabem de cor cada vertente


E as ilusões que ali madrugam


Que têm silhuetas de cão;


E dos olhos discretamente


Mulheres serranas que enxugam


Primaveras de solidão.


 


João Chamiço

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