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Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

02.11.14

O HOMEM VELHO


João Chamiço

HOMEM VELHO

 

Sem alegria

Na rua ia

Desengonçado

Corpo vergado

Em destrambelho

O homem velho.

 

O adolescente

Seu descendente

Mirou seu rosto

Já justaposto

No gasto espelho

Do homem velho.

 

Depois dos anos

Breves e ufanos

Passam os filhos

Nos mesmos trilhos,

Dói o joelho

Do homem velho.

 

Pés que se arrastam

Por onde passam

Deixam nos trilhos

Dos pés dos filhos,

Dores de artelho

De um homem velho.

 

E os netos vão

De olhos no chão

Corpo vergado

Desengonçado

Já sem conselho

Do homem velho.

 

Vulto enrugado

Corpo vergado

Nariz adunco

Bordão de junco

Vê-se ao espelho

O homem velho.

 

João Chamiço