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Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

07.06.08

BARCO DE PAPEL


João Chamiço

                                Fiz um barco de papel

Que fui pôr a navegar

Prendi-o com um cordel

P’ra ir com ele brincar.

 

O meu barco de papel

Sem que eu saiba explicar

Quebrou o fino cordel

E lançou-se no alto mar.

 

Eu fiquei, a vê-lo partir,

Desgostoso no meu cais;

Queria nele seguir

Mas era tarde demais.

 

Vi-o partir, na viagem

E eu, tão estranhamente

Fixado na sua imagem

Olhava-o infinitamente.

 

Então, como por engano

Dei comigo embarcado

Entre as vagas do oceano

E o céu todo estrelado.

 

Só vi brincando felizes

Meninos por toda a terra

Fui a todos os países

"Nunca vi fome nem guerra".

 

Em bátegas de furor

E tardes de calmos ventos,

Era a mão do Redentor

A livrar-me dos tormentos.

 

Que faço neste batel

Todo feito de papel?

Não me perguntem, não sei!

Nem como foi que embarquei!

 

Mas o barco de papel

No rumo que leva a vida

Veio ancorar no cordel

Ao mesmo cais da partida.

 

Esta história que contei

Do meu barco de papel,

Acabou quando acordei

Sem ver barco nem cordel.

 

João Chamiço

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