O HOMEM VELHO
João Chamiço
HOMEM VELHO
Sem alegria
Na rua ia
Desengonçado
Corpo vergado
Em destrambelho
O homem velho.
O adolescente
Seu descendente
Mirou seu rosto
Já justaposto
No gasto espelho
Do homem velho.
Depois dos anos
Breves e ufanos
Passam os filhos
Nos mesmos trilhos,
Dói o joelho
Do homem velho.
Pés que se arrastam
Por onde passam
Deixam nos trilhos
Dos pés dos filhos,
Dores de artelho
De um homem velho.
E os netos vão
De olhos no chão
Corpo vergado
Desengonçado
Já sem conselho
Do homem velho.
Vulto enrugado
Corpo vergado
Nariz adunco
Bordão de junco
Vê-se ao espelho
O homem velho.
João Chamiço