Jogos Florais de Avis 2009
POESIA OBRIGADA A MOTE
(Mote)
Por ternura, por meiguice
Por amor e por verdade,
Sou idosa sem velhice,
Não perdi a mocidade!
(glosa)
Quimera continuada,
É quando a idade sénior
Faz redondilha maior
Dez vezes multiplicada;
Nesta obra inacabada
Em constante meninice,
E algum grau de traquinice,
Que na idade madura
Se aproxima da brandura
Por ternura, por meiguice.
II
Mesmo que o Outono seja
Da raiz da primavera
Numa idade mais austera,
Há sempre quem nela veja
Uma flor que se exubera
Em pura fecundidade
E eterna fogosidade;
Quando há pétalas que caem
E outras novas sobressaem
Por amor e por vaidade.
III
Em grande deslumbramento
E constante exultação,
Fiz da vida uma canção
Que canta as rugas do tempo
E é natural unguento
Para quanta patetice.
Ameniza a quixotice
E à vida traz o tempero
Que eu conservo com esmero
Sou idosa sem velhice!
IV
Ao tempo mando recados,
Mas o tempo que alcancei
Quantas vezes já pensei,
Que não ouve os meus mandados
E nem murmúrios nem brados.
Sei que não é por maldade
Que ele já não tem a idade
Chamada de cor-de-rosa;
Também eu! Que sendo idosa,
Não perdi a mocidade!
Pseudónimo: Viandante
Nome: João Chamiço
(Nota: não foi premiada)
É perfeitamente natural que gostemos da nossa própira escrita senão nem sequer nos atreviamos a escrever, mas, temos de ter sempre em conta que outras pessoas terão talentos se sobra para nestas coisas se sobreporem aos demais. Tem por ventura muito mais consciência disto quem, como eu, faz parte de um júri que se vê tantas vezes confrontado com o dilema da escolha perante trabalhos de grande qualidade e por vezes muito equilibrados entre eles.