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Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

06.12.08

SE


João Chamiço

SE

Se todos os defeitos deste efémero viver,
Fossem assim, destas simplicidades tão meras,
Outros sonhos e outros sóis haveriam de ser
Gáudio de antemanhãs sem hora de entardecer
Perenemente ornamentados de primaveras.
 
Se suavizássemos os caminhos lodacentos
Bordejando-os de jasmim e de belas rosas,
Depois de nós viriam aqueles, cujos adventos,
Em caminhos lisos se fariam sem tormentos;
Deixando neles um lastro de flores mimosas.
 
Se reciclados fossem, os canos das bombardas,
Em cada bomba, uma Fénix eclodiria;
E às crianças, das cinzas da guerra libertadas,
Se converteriam em ternura as bofetadas,
E um bando infindo de pombas brancas nasceria.
 
Se os mísseis balísticos intercontinentais
Não trouxessem no ventre o gérmen da tragédia,
Mas antes sustentos, ainda que os mais banais;
Que chegassem aos mais miseráveis comensais;
Famintas figuras desta ignóbil comédia.
 
João Chamiço