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Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

22.05.08

INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÓNIA


João Chamiço

 

DISCURSO DO MINISTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO DÁ SHOW NOS EUA!

                  ( Foto de Wikipédia)

Durante um debate numa universidade nos Estados Unidos, o ex-governador do Dfe, o actual Ministro da Educação CRISTOVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia. O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro. Esta foi a resposta do Sr. Cristovam Buarque:

 

Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.

 

Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro..

 

O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço.

Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

 

Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar que esse património cultural, como o património natural Amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.

 

Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar, com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

 

Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

 

Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

 

Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.

 

Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro.

Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.

 

Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa!".

 

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso.

 

CRISTOVAM BUARQUE

Artigo recebido por mail

21.05.08

BIO-COMBUSTÍVEIS - ESTA É DE PARTIR O CÔCO -


João Chamiço

PARECE QUE A JUNTA DE FREGUESIA DA ERICEIRA FOI MULTADA POR NÃO TER PAGO AO ESTADO O IMPOSTO SOBRE COMBUSTÍVEIS.

DIGO PARECE QUE, PORQUE CUSTA A CRER QUE TAL NOTÍCIA POSSA SER REAL, EMBORA JÁ POUCA COISA ME SURPREENDA NESTE PAÍS ONDE A PARANOIA DA COBRANÇA DE IMPOSTOS SE TRANSFORMOU NUMA VERDADEIRA LOUCURA, NUMA ESPÉCIE DE ALIENAÇÃO TOTAL, COMO SE DE UMA VERDADEIRA DROGA SE TRATASSE OU QUALQUER ACOMETIMENTO DE IPEDEMIA DESSIMINADA ATRAVÉS DA REDE INFORMÁTICA DAS FINANÇAS.

 

O "CRIME" QUE ESTA JUNTA DE FREGUESIA "PARECE" AOS OLHOS DAS FINAÇAS TER COMETIDO, FOI O FACTO DE TER RECICLADO A ESPENSAS SUAS OS ÓLEOS ALIMENTARES USADOS E COM ELES FAZER FUNCIONAR A SUA FROTA DE VIATURAS.

 

EU CÁ POR MIM DAVA A ESTA JUNTA DE FREGUESIA UM LOUVOR POR BOAS PRÁTICAS AMBIENTAIS E POUPANÇA DE DINHEIROS PÚBLICOS, MAS EU, SOU EU,, QUE DE LEIS E DE FINANÇAS NADA ENTENDO.

O QUE EU SEI É QUE AS LEIS SÃO FEITAS POR HOMENS E MULHERES, E SE AS NOSSAS LEIS ESTÃO OBSOLETAS E FORA DO TEMPO EM QUE VIVEMOS, QUE SE REFAÇAM AS LEIS. ANTES QUE A LOUCURA TOTAL TOME CONTA DE NÓS TODOS.

20.05.08

DUALIDADES


João Chamiço

Uma mesma energia nos atrai e nos afasta,

         E uma mesma força que nos une, e nos separa,

         Como uma mesma onda que nos embala e arrasta.

 

Dentro do mesmo homem, a nobreza e a avareza

O mesmo Deus que nos protege e nos desampara,

E uma mesma mente crê e duvida da certeza.

 

         São os mesmos ventos que varrem velas e convés

         Que impelem as caravelas e que afundam as Galés,

         Ou uma paixão, que sendo passageira não passa,

 

Ou uma mesma luz que nos guia e que nos cega.

Ou para uma mesma fortuna a mesma desgraça

Tal qual a mesma mãe que, parindo, também renega.

 

         Numa só alma, coabitam temor e pecado

         E são as mesmas, as bocas que blasfemam e rezam.

         Um corruptor que compra e ao mesmo tempo é comprado

 

E um só Universo que é matéria e antimatéria

E a noite e o dia, que num só dia se revezam,

Na mesma Terra, a mesma abundância, a mesma miséria.

 

         O mesmo Sol que sustenta a vida, sustenta a morte

         E de quanto júbilo nasce às vezes a angústia,

         E em qualquer jogo existe sempre o azar e a sorte,

 

E a frustração e o pódio, na mesma competição.

No mesmo tolo, a imbecilidade e a astúcia,

E do melhor amigo, a confiança e a traição.

 

         Nos versos de um só fado, há um sorriso e um pranto

         Nos mesmos olhos, gotas de choro e de exultação

         E num silencio, como num estrondo, o mesmo espanto.

 

Na mesma vaga há mansidão, e há mar em espuma,

E em sonhos diversos reside uma só ilusão

E muitos enigmas, e muita coisa e coisa alguma.

 

         Os mesmos lábios, soltam o beijo e o impropério

         E o mesmo homem, tanto se apaixona como odeia.

         A mesma flor, cabe num jardim ou num cemitério.

 

Ou a mesma dor, que de tanto doer já não dói

Ao moleiro, a quem só farelos restam p’rá ceia

E o mesmo raio, alumia os destinos que destrói.

 

         Um vulcão expele o fogo, e a água que o suprime.

         Dentro de um erudito, pode existir um labrego

         E é próprio dos vadios exibir um ar sublime.

 

Dentro de qualquer pessoa, pode haver um Pessoa e outra pessoa,

E quantas vezes aquele que mais vê é o mais cego,

E um choro, pode ser de riso ou ser de algo que doa.

 

         E quantas e quantas, outras mais dualidades haverão?

         Se calhar, nem na vida de mil homens se contariam

         Nem pelos dedos que têm os mil homens em cada mão.

 

Não haveria enciclopédia capaz de as conter

E muito menos, todas, neste poema caberiam,

Nem toda a tinta da Terra daria p’rás escrever.

 

Em 2008-03-12

João Chamiço

 

18.05.08

EXCLUSIVIDADE TRAQUINA


João Chamiço

O sr. Alberto João insurgiu-se esta semana contra as "traquinices" dos seus colegas PSD(s) do continente.

A que outra conclusão poderemos chegar que não seja a de que este sr. tudo fará para manter reservado apenas para si próprio o direito à exclusividade das traquinices nacionais?

10.05.08

A TÍTULO PÓSTOMO


João Chamiço

Um dia, quando eu percorria ainda os meus primeiros e tenros anos, caminhávamos, eu e o meu pai, pelos caminhos de terra esburacados pela erosão das enxurradas.

Umas vezes íamos lado a lado, de mão dada, e outras vezes eu corria aos ziguezagues circundando os sobreiros vestidos de fato novo depois da última tirada de cortiça, e vinha rodopiando como um pião até reencontrar a sua mão firme que me fazia sentir seguro.

O velho caminho por onde seguíamos devia estar ali há vários séculos, e muitas centenas de carroças e carros de bois o haviam percorrido em sucessivas levas, mas era “ a cavalo nas botas” que nós o calcorreávamos naquele dia.

Estávamos num daqueles dias de verão em que as frondosas sombras do arvoredo se mostram ineficazes na sua tarefa de atenuar a canícula que nos cobria de suor.

 

- Daqui a meia hora chove!

 

Olhei espantado para o céu percorrendo todo o imenso horizonte tentando avistar alguma nuvem mais negra que sustentasse aquela exclamação peremptória do meu pai.

Não era porém a primeira vez que isto acontecia, e em todas as outras a “profecia” se cumpriu.

Não foi preciso esperar meia hora. Passados uns vinte minutos, a trovoada que se anunciara atingia o seu auge, e dos céus desabava agora um dilúvio, ao mesmo tempo que intermináveis descargas eléctricas se punham em fúria e percorriam ameaçadoramente os astros descarregando aqui e ali a sua cólera sobre as árvores que se lhe deparavam pelo caminho.

Não tínhamos nem sequer um guarda-chuva, por isso, restavam-nos duas opções: ficar ali no descampado deixando encharcar-nos os ossos até à medula, ou acoitar-nos sob as grossas pernadas de uma árvore qualquer.

 

- Nunca de abrigues da chuva debaixo de um sobreiro! São as árvores mais perigosas que existem em caso de trovoada.

Outro recado enigmático que ouvi do meu pai naquele dia, porque, eis que mal as palavras eram ainda ditas, e já um enorme sobreiro desabava ferido de morte por um poderoso raio que o atingiu ali a escassos metros de nós.

- Debaixo de um carvalho vá que não vá, mas debaixo de um sobreiro nunca.

 

Mal tive tempo para ter medo, mas algumas lágrimas saltaram dos meus pequenos olhos.

Mas junto do meu pai sentia-me tão seguro que me parecia que nada, nem mesmo uma poderosa faísca me poderia atingir.

Foi provavelmente a primeira vez que tive consciência da falta que nos faz um pai.

 

Hoje, tive sérias dificuldades em dissimular o choro que me inundava por dentro, porque na sua partida para aquela que será a sua viagem derradeira, tomei de novo consciência da falta que nos faz um pai em qualquer altura da nossa vida.

 

João Chamiço

2008-05-08

 

06.05.08

PALAVRA MULHER


João Chamiço

                              

(Imagem da net)

Abra-se um livro de poesia

Ao acaso num poema qualquer,

E talvez, ainda que por magia,

Conste nele a palavra mulher.

 

Mas essa, pode não ser afinal

A palavra que mais entoa,

Nesse poema circunstancial

Dessa página aberta à toa.

 

Talvez mãe, seja a forte razão,

Ou ainda, razão maior seja só,

Se a palavra lá não estiver;

 

Uma propositada omissão

De quem escrevendo; mãe, filha e avó,

Quisesse apenas escrever: Mulher!

João Chamiço
03.05.08

CRIANÇAS DE BAGDAD


João Chamiço

Minha mãe, vela sempre por mim,
E não permitas que a guerra venha.
Mas se a guerra vier, mesmo assim,
Sem que ninguém haja que a detenha,
Ampara-me no teu terno abraço
E esconde o meu rosto em teu regaço.
 
Não deixes a guerra a sós comigo
Nem por um breve instante sequer,
Faz do teu colo o meu abrigo.
Se a louca tragédia acontecer
E a fúria das canhões nos ceifar,
Envolto em teu manto vou voar.
 
Antes morrer do que ficar só,
Se o dilúvio infernal das bombas
Transformar em escombros e pó;
As casas, os abrigos e as sombras;
E das mulheres e das crianças
Só sobrarem escassas lembranças.
 
Não me deixes ficar soterrado
Que tanto me assusta a escuridão;
E o pavor de ficar rodeado
Por cadáveres em multidão;
Porque o ribombar que se empanturra
Traz a morte vã, que nos procura.
 
Se eu fosse titã, os venceria,
Aos dementes senhores da guerra
Possuidores de toda a Terra;
Já que, de certeza que no dia
Em que o petróleo se há-de esgotar;
Lhes sobrarão razões p’ra matar.
 
 
Duvido que alguém fosse capaz de pensar como uma criança de Bagdad que aguardava em desespero impotente pela deflagração do primeiro míssil de uma guerra que se anunciava como certa.
Qual será a dimensão do tormento de uma criança que adivinha a morte perante o anunciar sistemático de uma tragédia desta dimensão?
 
A Invasão do Iraque em 2003 iniciou-se a 20 de Março através de uma aliança entre os Estados Unidos da América, Reino Unido e algumas outras nações (unidade conhecida como a Coligação). Iniciada a partir do Kuwait a ofensiva terrestre, depois de uma série de ataques aéreos com mísseis e bombas a Bagdad e arredores, ter aberto o caminho às tropas no terreno.
Desde então, contam-se em largos milhares as vítimas de um lado e doutro desta crueldade. As crianças não são excepção.