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Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

28.12.07

PÓS NATAL


João Chamiço

 

                              Quando amanhã, o sol acordar,

E as estrelas se forem deitar

Abrindo caminho à nova luz;

Não haverão manjedouras quentes

Que reconfortem os indigentes,

E os famintos; irmãos de Jesus!

 

Deste “chapiteau”, que é das crianças,

Restarão talvez, breves lembranças,

Quando o pano desce, e se enrola:

E amanhã, sem circo e sem magia,

Será tão simplesmente outro dia

Em que uma criança pede esmola.

 

Vá! Perguntem-lhe p’la consoada!,

E se a sua botita rasgada

Tinha chaminé onde ficar!.

Perguntem-lhe se vai à escola!

E ela vos dirá: eu peço esmola

Porque tenho irmãos p’ra sustentar!!!

 

Quando amanhã, o sol acordar,

E o seu beijo quente amenizar,

Da alma, a friúra matinal;

Voltam as misérias ao lugar

E as crianças irão mendigar,

Sempre, até ao próximo Natal!.

 

Almeirim, 2007-12-27

João Chamiço

 

 

É praticamente certo, hoje em dia, sermos abordados por crianças que pedem esmola.

Os parques de estacionamento dos supermercados passaram a ser “pontos de encontro obrigatórios” entres os fregueses e “legiões” de pedintes importados.

Só que, uma criança é sempre uma criança, seja ela cigana, preta, ou ucraniana, ou seja ela a filha ou o filho de qualquer um de nós, mas, para nossa vergonha, é cada vez mais frequente confrontar-nos com crianças estrangeiras que pedem esmola debaixo do olhar atento de adultos (progenitores?) que à distância aguardam pelo resultado do “trabalho” do dia a que as crianças são sujeitas.

Mas então, e as nossas autoridades? Não vêem? Mas então, não é primordial o bem-estar das crianças? Mas então, não é o nosso país, um dos signatários da Declaração Universal dos Direitos da Criança?

 

A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA DECRETA QUE SÂO DEZ, OS SEUS PRINCÌPIOS

Princípio I - Á igualdade, sem distinção de raça religião ou nacionalidade.

(Pouco respeitado por vários países membros da ONU)

Princípio II - Direito a especial protecção para o seu desenvolvimento físico, mental e social.

Alguns países sequer têm leis a respeito disto.

Princípio III - Direito a um nome e a uma nacionalidade.

Princípio IV - Direito à alimentação, habitação e assistência médica adequadas para a criança e a mãe. (Muitas mães nem sequer sabem que o aleitamento materno é essencial)

Princípio V - Direito à educação e a cuidados especiais para a criança física ou mentalmente deficiente.

Princípio VI - Direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade.

Princípio VII - Direito á educação gratuita e ao lazer infantil.

Princípio VIII - Direito a ser socorrido em primeiro lugar, em caso de catástrofes.

Princípio IX - Direito a ser protegido contra o abandono e a exploração no trabalho.

Princípio X - Direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos.

              A tudo isto responderão alguns que, tem custos. É óbvio que os tem. A diferença está na escolha dos custos e na ocasião em que queremos tê-los, e poderemos então perguntar-nos se queremos os custos agora, ou se preferimos aguardar por custos maiores a médio e longo prazo, que de certeza serão muito maiores para o país no seu todo.

             Muitas destas crianças nunca saberão o que é uma profissão, nunca frequentarão uma escola, nunca serão cidadãos, e, não é difícil adivinhar que as portas do crime se vão escancarar para muitas delas, que rápidamente se irão transformar em adultos marginalizados e muito provavelmente violentos.

             E a culpa? Será delas ou será de uma sociedade que fabrica os seus próprios” monstros” e os deixa por aí ao Deus-dará?