O MOLEIRO
João Chamiço
O Moleiro
Vai o moleiro enfarinhado
Terminada a jornada de um dia
E vai o seu burro carregado
Com o leve peso da maquia.
Roda sem descanso a sua mó
Que em farinha, transfigura o grão,
De onde vai nascer o fino pó
Que um dia há-de vir a ser pão.
Subindo as veredas do outeiro,
Na companhia do seu jumento
Lá vai solitário, o moleiro,
À noite, quando adormece só
Voa p'ra longe, o seu pensamento
Solto do rodar da sua mó.