Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

16.02.06

AO PRIMEIRO CANTER DA COTOVIA


João Chamiço

Ao primeiro cantar da cotovia


Desvanecia-se a noite de breu


Que de velhas auroras floresceu


Sempre travestida de novos mantos,


Ao primeiro cantar da cotovia


Pariam alegrias velhos prantos.


 


Brilhante e florida de mil cravos


Velando as grilhetas das prisões


Que de par em par se escancaravam.


Ficavam libertos os homens bravos


E as mulheres de assentes convicções,


E presos os carrascos que os guardavam.


 


Serena aurora, sem mortes nem tiros,


Porque na hora exacta o soldado


Observou com razão a ordem certa.


Mas há muitos morcegos e vampiros


Hibernados nas trevas do legado


E faz falta sentinelas alerta.


 


Faz falta estar desperto e atento


E manter-se acordada a sentinela


De cada vez que clarear o dia.


Um cravo em riste, em cada momento,


Botão de espingarda e de lapela


Ao primeiro cantar da cotovia.


 


João Chamiço


2003-10-21

16.02.06

MINHA VELHA ESCOLA


João Chamiço

Velha escola abandonada


Foste ninho de tantos “pardais”


Hoje, encontras-te reformada


Porque ficaste grande demais.


 


Estás no pensamento constante


Daqueles que em teu seio estudaram,


Agora, uma pequena é bastante


P’ros poucos pardais que ficaram.


 


De calça rota iam p’rá escola


Iam de calções os “pardais”


Com a ardósia na sacola,


 


Ficou triste o teu semblante


Porque ficaste grande demais


Agora, uma pequena é bastante.


 


João Chamiço

16.02.06

PALAVRA MULHER


João Chamiço


Abra-se um livro de poesia


Ao acaso num poema qualquer,


E talvez, ainda que por magia,


Conste nele a palavra mulher.


 


Mas essa, pode não ser afinal


A palavra que mais entoa,


Nesse poema circunstancial


Dessa página aberta à toa.


 


Talvez mãe, seja a forte razão


Ou ainda, razão maior seja só,


Se a palavra lá não estiver,


 


Uma propositada omissão


De quem escrevendo; mãe, filha e avó


Quisesse apenas escrever; Mulher.


 


João Chamiço