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Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

12.02.06

O EMIGRANTE


João Chamiço

Nas ruas do meu país


Passam pessoas estranhas,


Como plantas sem raiz,


Com a pátria nas entranhas,


Perdida na noite escura


Que ficou lá na lonjura.


 


Gente de semblante diferente,


Não se entende o seu falar,


E com o regresso vão sonhando


Mas para sempre vão ficando


Na lembrança permanente


Da distância do seu lugar.


 


Nas ruas do meu país


Passeiam estranhas figuras,


Que vão desfiando tristezas


De um novelo de incertezas,


Fazem hoje o que eu já fiz


Noutras estranhas lonjuras.


 


Vêm do leste europeu


Ou transpondo os oceanos,


E num um país que não é seu,


À mercê dos desenganos.


Em busca de melhor sorte


Encontram às vezes a morte.


 


São em terra alheia sepultados,


E nos cemitérios do meu país


Vão p’ra sempre jazer ignorados.


Abandonados como animais,


Longe da casa dos seus pais,


Fazem hoje o que eu já fiz.


 


Nas ruas de um país distante


Passa um português emigrante,


Ele esconde saudade tamanha


E falando uma língua estranha,


Lá longe num estranho país,


Faz ele hoje; o que eu já fiz.


 


João Chamiço


 


 


Este poema foi lido em Basse Goulaine, França, Bretanha, num Concerto de Música Coral em Outubro de 2002.


Na Antena 1, foi dito na quarta-feira dia 04/12/2002, na abertura do programa “Meia Tarde” dedicado à emigração em Portugal.