Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

Aqui, no OBSERVANTES, têm lugar privilegiado:

A poesia, os sonhos e a utopia. A critica incisiva às realidades concretas de Portugal e do mundo baseadas na verdade constatada e só nela. "A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida". (Eduardo Girão)

09.02.06

O PALHAÇO


João Chamiço


É um homem que se esconde


Bem à vista de toda a gente,


E vai buscar sem saber onde,


Coragem p’ra ficar contente.


 


Essa máscara que o encobre


Ele próprio a pintou,


Em frente ao espelho descobre


Que apenas a face mudou.


 


Palhaço rico ou talvez não,


Ou pobre e desajeitado


Faz magias de improviso.


 


Carrega na vida o condão


Com ar nobre, ou mal-asado


Que às crianças fazem riso.


 


F. Januário

09.02.06

SABEDORIA


João Chamiço

Não há nada de nobre em sermos superiores ao próximo. A verdadeira nobreza consiste em sermos superiores ao que éramos antes.
(Autor desconhecido)


 


A sabedoria é um adorno na prosperidade e um refúgio na adversidade.
(Aristóteles)

09.02.06

AMORES NOVOS


João Chamiço


Que estranha, é esta alegria


Salpicada assim de mil cores


Em primaveras de fantasia


Onde as fragrâncias e as flores


São botões de novos amores


Como pétalas inseguras


Que têm pavores das alturas


Imploram obséquios ao vento


E deslizam em desalento


Orvalhos de lágrimas puras.


 


Ritmos e cadências velozes


E os corações alvoroçados


Transidos os membros e as vozes


Soltam gritos silenciados


Nos soluços angustiados


E choros feitos de ternuras


De flores agrestes e puras


E lábios rubros de sorrisos


E nos olhares imprecisos


Orvalhos de lágrimas puras.


 


Que verdades nem sempre ditas


Por entre roseirais se somem?


Se, quando incertezas malditas


São os espinhos que as consomem?


De amores novos, exaltação


Lava intensa de vulcão


Que ateia a mil graus formosuras


Ardentes de riso e pecados


Todos eles já perdoados


Orvalhos de lágrimas puras.


 


F. Januário (pseudónimo)

09.02.06

JÁ VI MULHERES


João Chamiço


 JÁ  VI  MULHERES 


Já vi mulheres ciganas


Disfarçar paixões secretas


Já vi brancas africanas


Chorar na Rua das Pretas.


 


Já vi pretas africanas


Nascidas cá em Lisboa


Vestindo saias tricanas


Fadistas da Madragoa.


 


Já vi mulheres chinesas


De olhos em bico nascidas


Também elas portuguesas


Todas eram parecidas.


 


Vi indianas de Goa


De olhar negro e profundo


Insondáveis de Lisboa


Cidadãs de todo o mundo.


 


Vi mulheres de profetas


Não contar p’ras profecias


Metidas em vestes pretas


Que dão ar de noite aos dias.


 


Brancas, mulatas, judias


Índias do Brasil e pretas


Todas aleitando as crias


Sem pudor de suas tetas.


 De olhos negros já vi loiras


Como azeitonas maduras


De olhos verdes já vi moiras


Cor de esperanças vindouras.


 


Vi mulheres que eram freiras


Consortes só do Senhor


Cansadas de amar solteiras


Tomarem segundo amor.


 


Mulheres de rei bandido


Presas e executadas


Tão só por terem perdido


Encantos que tem as fadas.


 


Já vi princesas tribais


Negras, de olhos cor dos céus


Mutiladas em rituais


Do diabo, não de Deus.


 


Vi mulheres rezar terços


Só não as vi dizer Missa


Mas já as vi dizer versos


Em que a rima era; chiça!


 


 


Já vi mulher promovida


Por favores ao patrão


Já a vi mudar de vida


Dizer basta! Dizer não!


 


Jo


                                                     João Chamiço