O HOMEM DE BRONZE
João Chamiço
Palmilhei a cidade a pé
Procurei com todo o cuidado
E o testemunho aqui deixo,
Que há na cidade de Loulé
Um homem de bronze talhado
Chamado de António Aleixo.
É como se ele ali estivesse
Sentado na sua cadeira
Também ela de bronze feita,
E a sua pena escrevesse
A sua rima derradeira
Na sua quadra mais perfeita.
Como que em busca de uma fonte
De novas rimas pra escrever
Sobre algumas paixões secretas;
De olhar fixo no horizonte
Como se houvesse olhos de ver
Nas estátuas de alguns poetas.
Corri a cidade em demanda,
Não do corpo que Deus lhe deu
Mas da memória que ali anda;
Foi poeta, teve o condão,
O homem, esse faleceu
A alma do poeta, não.
Morreu ao chegar da maré
Assim se cumpriu o seu fado,
Meu testemunho aqui deixo;
Que há um poeta em Loulé
E um homem de bronze talhado
Ambos são: António Aleixo.
Escrito em Loulé, 2005-05-02
João Chamiço